QUEM SOMOS

A Avidepa é uma entidade civil, sem fins lucrativos, que tem como principal objetivo congregar pessoas interessadas na proteção da Natureza, visando à melhoria da qualidade de vida.

A Associação foi fundada em 1984, em meio ao processo de crescimento de Vila Velha, na época impulsionado pela construção da Terceira Ponte ligando Vila Velha à capital. Tornava-se cada vez mais urgente a mobilização de esforços para conter o ritmo de degradação imposto pelo crescimento das aglomerações urbanas.

Neste ano de 2023 a Avidepa completa 39 anos desenvolvendo projetos de proteção e divulgação da flora e fauna em seus ambientes naturais. A atuação da Associação baseia-se em duas grandes linhas de trabalho: a conservação e recuperação de remanescentes naturais, e o monitoramento e conservação de sítios reprodutivos das aves marinhas.

Essas atividades visam a contribuir com a proteção da biodiversidade, a recuperação ambiental, e o desenvimento de métodos alternativos de exploração dos recursos naturais de forma sustentável, assim como com a conscientização junto às comunidades litorâneas.

Nossa Visão do Problema

Em busca de atender às suas necessidades e anseios, o ser humano vem interferindo no equilíbrio dos ecossistemas naturais. Sua ação está diretamente relacionada à degradação ambiental, que se reflete de forma local e global. Grande parte desta interferência negativa felizmente pode ser minimizada, desde que nossa capacidade de conviver com a Natureza de forma harmônica seja estimulada por ações de conscientização que atinjam as pessoas e sua relação com o meio em que vivem.

A Educação Ambiental é um processo contínuo, que visa à conscientização para o pleno exercício da cidadania e da responsabilidade social e política. A este processo cabe a construção de novos valores e novas relações sociais sob uma nova ótica: a de que a qualidade de vida e a proteção ao meio ambiente são interdependentes.

A escola tem um papel fundamental na discussão das questões relativas ao meio ambiente, às condições necessárias para a obtenção de uma melhor qualidade de vida, à finitude dos recursos naturais e, principalmente, ao conhecimento que a comunidade tem de si mesma e do seu meio. O recurso cultural traz um importante potencial renovador.

De acordo com a Política Nacional de Meio Ambiente, a educação é um importante instrumento de preservação ambiental, que deve ser incentivado no âmbito do ensino formal e informal. Dessa forma, a difusão da Educação Ambiental através das diferentes disciplinas escolares e ações comunitárias, associadas a eventos ligados ao meio ambiente, estimulam as pessoas na busca da cidadania ambiental.

A Situação do Nosso Litoral

O litoral do Espírito Santo experimentou nas últimas décadas um processo de degradação ambiental que começou pelo desmatamento para a implantação dos primeiros grandes aglomerados urbanos. Hoje esse crescimento desordenado atinge os manguezais, lagoas, cursos d’água, praias e áreas marinhas, através do despejo de esgotos domésticos e industriais, aterros e crescimento do comércio na orla, o que vem comprometendo a qualidade de vida da população.

Essa situação agravou-se pelo efeito da especulação imobiliária, com a implantação de loteamentos desordenados. As ilhas costeiras, foram aos poucos sendo alvo desse mesmo processo que veio dilapidando seus atributos como patrimônio paisagístico e ambiental.

A cidade de Vila Velha, como a maioria das cidades litorâneas, também passou por um processo de crescimento desordenado, agravado pela concentração das populações humanas característica das últimas décadas.

Os padrões de urbanização e a especulação imobiliária levaram a uma descaracterização crescente dos ambientes naturais que para uma parte dos moradores, especialmente os nativos, representou e ainda representa incômodo constante, fator de descontentamento e motivação para tomada de atitude.

Apesar de todas as agressões sofridas pelo meio ambiente, o litoral de Vila Velha ainda possui remanescentes com grande potencial de preservação e conservação, como Parque Natural Municipal de Jacarenema, o Morro do Moreno, e as ilhas costeiras. A proteção destes locais é de importância fundamental para a manutenção do equilíbrio ambiental e melhoria da qualidade de vida para esta e as futuras gerações.

O Que Fazemos

Multiplicação de espécies de Restinga

Em 1986 iniciamos de forma insipiente a produção de mudas de espécies nativas de Restinga. Através da participação voluntária dos associados, em finais de semana ou revezando nos cuidados durante a semana, com o tempo livre de cada um, o trabalho foi realizado em um quintal emprestado e no viveiro do Instituto de Terras e Cartografia (hoje IDAF), em Viana.

A contribuição do projeto vem sendo importante também na recuperação ambiental e paisagística de trechos urbanizados, como a orla da Praia da Costa e Itapoã, em Vila Velha, além de áreas públicas no município de Vitória.

Em 1989, devido a um aumento na demanda de produção, foi instalado um viveiro num quintal maior, para atender ao trabalho de recuperação na Restinga de Camburi e ao tratamento paisagístico da Orla da Praia da Costa.

Com o início da implantação do paisagismo da Praia da Costa, o viveiro foi transferido para um terreno maior, na orla, lá permanecendo até o início de 1996.

Em janeiro de 1996, o viveiro foi transferido para o Parque Paulo Cesar Vinha, propiciando aos visitantes em geral um contato mais próximo com a proposta da Avidepa de difundir o uso da vegetação nativa e contribuindo com a recuperação ambiental de áreas degradadas no Parque.

Atualmente, a unidade de produção de mudas do Núcleo de Difusão da Mata Atlântica-Unidade Litoral está instalada na base do Morro do Moreno, na Praia da Costa, em Vila Velha.

Difusão da prática de arborização e ajardinamento com espécies nativas

No Brasil a adoção de valores e práticas de outros países é um fato historicamente comprovado.

Trabalhar pela mudança de visão e adoção de espécies da nossa Flora nos processos de arborização e paisagismo de áreas públicas, bem como conscientizar as pessoas e incentivá-las a implantar pomares e jardins com espécies nativas, passou a ser uma necessidade para atingirmos nossos objetivos na Conservação e Recuperação de Ecossistemas Costeiros.

Desta forma, muitos profissionais da área de arquitetura e paisagismo já optam em seus projetos por utilizar plantas de Restinga, contribuindo com a preservação ambiental e a humanizacão das cidades.

Através da organização de um banco de dados e da manutenção do viveiro de mudas, a Avidepa vem dando suporte às iniciativas desses profissionais.

Recuperação ambiental e paisagística de trechos urbanizados

Em 1989 a comunidade de Vila Velha optou pela utilização de espécies nativas de Restinga no componente paisagístico da urbanização da Praia da Costa.

A partir daí, através de um Termo de Cooperação firmado entre a Avidepa e o Governo do Estado, iniciaram-se as atividades do Projeto Orla, com o objetivo de recuperar a paisagem do trecho da Praia da Costa e Itapoã, através do uso criterioso de espécies nativas, para que as gerações futuras tenham contato na cidade, em seu local de lazer, com elementos da Natureza, e desta forma contribuirmos com a formação dos novos cidadãos.

A partir do exemplo de Vila Velha, outros municípios litorâneos, entre eles Vitória, passaram também a valorizar a flora de Restinga no tratamento paisagístico das cidades.

Durante o ano de 2003, através de parceria estabelecida com a CST e a Associação dos Moradores da Praia da Costa, foram retomadas atividades do Projeto de Paisagismo da Orla da Praia da Costa e Itapoã.

Recuperação de áreas degradadas em remanescentes naturais

As principais áreas naturais beneficiadas foram a Restinga de Camburi, o Parque Estadual Paulo Cesar Vinha, as ilhas Itatiaia e ilha das Garças (Vila Velha), a ilha Escalvada e o Arquipélago das Três Ilhas (Guarapari).

Desde 1988, através das atividades do Projeto Andorinhas do Mar a vegetação dos sítios de reprodução dessas aves nas ilhas costeiras vem sendo manejadas contando com o apoio da equipe de trabalho em bases de apoio instaladas.

Essa atividade é muito importante para a reversão do processo de degradação do que ainda resta dos trechos com ambientes naturais entre os aglomerados urbanos, e das ilhas costeiras, como sítios reprodutivos de aves e importantes atrativos ao turismo ecológico.

Monitoramento de sítios reprodutivos de aves marinhas

O trabalho de conservação e monitoramento das ilhas costeiras consiste na recuperação ambiental através da retirada da fauna e flora invasoras e plantio de espécies nativas, além do controle e orientação da visitação, com auxílio das bases de apoio.

Através desta atividade, desde 1988 as andorinhas-do-mar e seus habitats estão sendo conservados e monitorados.

Graças à preservação desses ambientes, nos anos seguintes o Espírito Santo passou a receber a visita de 10 a 15 mil aves adultas que de abril até setembro fazem seus ninhos e criam seus filhotes, com a segurança de voltarem no próximo ano e encontrarem as condições propícias à manutenção de suas populações.

Participação na criação, planejamento e implementação de Unidades de Conservação

Desde sua fundação a Avidepa participou da elaboração de propostas de preservação de áreas naturais e como resultado, foram criadas de Unidades de Conservação, entre elas o Parque Estadual Paulo Cesar Vinha, no município de Guarapari.

Uma das diretrizes do Sistema Nacional de Unidades de Conservação - SNUC, instituído pela Lei nº 9.985 de 18/07/2000 é a busca de apoio e a cooperação de diversos setores da sociedade no desenvolvimento de estudos, pesquisa científica, práticas de educação ambiental, atividades de lazer e de turismo ecológico, monitoramento, manutenção e outras atividades de gestão.

No início de 2003, em parceria com a Secretaria Municipal de Saneamento e Meio Ambiente, elaboramos a proposta técnica para a criação do Parque Natural Municipal de Jacarenema, criado por Decreto Municipal em 9 de fevereiro de 2003.

A partir de 2004, através da Câmara Técnica de Gestão de Unidades de Conservação do Consema retomamos a discussão da proposta de Lei do Sistema Estadual de Unidades de Conservação e a regulamentação da Lei Estadual 5.651/98, que instituui a APA de Setiba e estabeleceu sua forma de gestão conjunta entre órgãos públicos e Sociedade Civil Organizada.

Capacitação de profissionais e estudantes

Desde a primeira metade dos anos 90, a Avidepa compartilha suas experiências na proteção ambiental, com estudantes e profissionais do Espírito Santo e de outros estados.

Para os que se encarregam de manter o trabalho, o reconhecimento da importância das iniciativas da Associação funciona como grande incentivo. Da mesma forma, a experiência de participar de trabalhos práticos de conservação desenvolvidos por equipe multidisciplinar e com participação de membros da comunidade ajuda a complementar a visão acadêmica dos estudantes e profissionais que participam de temporadas de trabalho como estagiários ou como parte da equipe técnica.

Divulgação e conscientização

A divulgação dos remanescentes naturais e conscientização para proteção ambiental sempre fizeram parte das atividades da Avidepa.

Em 1995 iniciamos a discussão com a Chocolates Garoto de um formato para nossas atividades de educação ambiental.

O programa “Conheça, Proteja e Ame” foi efetivamente implantado a partir de 1998, direcionado especialmente para crianças de 5ª a 8ª série do ensino fundamental. Nessa oportunidade a Avidepa fazia parte do Grupo de Gestão do Parque Estadual Paulo Cesar Vinha. Os principais temas desenvolvidos foram o relacionados com os ambientes naturais do Parque e os sítios reprodutivos das andorinhas-do-mar.

A partir de 2000, com a duplicação da Rodovia do Sol, a Rodosol incluiu-se com nossa parceira, já que esta teve como condicionante em sua licença ambiental manter um programa de educação ambiental na área. A Rodosol manteve-se com parceira até o início de 2002.

Todos os materiais desenvolvidos durante os programas, tais como adesivos, folders, cartilhas, camisas, mapas e bonés, além dos produtos resultantes dos estudos feitos na Reserva Ecológica de Jacarenema , no Parque Estadual Paulo Cesar Vinha, e na APA de Setiba, continuam disponíveis para o prosseguimento do programa de educação ambiental.

Nossa Estrutura

Sede

A sede da Avidepa funciona como um ponto de referência para seus associados e colaboradores, estudantes, professores, pesquisadores e outros visitantes interessados em informações sobre o meio ambiente e atividades de conservação. Entre 2001 e 2003 a Avidepa sediou-se à Rua Carolina Leal, 553, centro de Vila Velha.

Atualmente estamos com nossa sede administrativa, unidade de produção de mudas e todo o restante de nossa estrutura de trabalho na base do Morro do Moreno, com entrada pela Rua Santa Luzia, área que consevamos e utilizamos através de contrato de cessão de uso com o Governo do Estado.

Bases de Apoio

A Avidepa implantou quatro bases de apoio: nas Três Ilhas e Ilha Escalvada, em Guarapari, e nas Ilhas Itatiaia e Ilha das Garças, em Vila Velha.

Foram instaladas placas educativas e informativas nas bases e em locais estratégicos nas praias de Vila Velha e Guarapari, como instrumento de advertência e conscientização.

Nossas Parcerias

Nossa primeira experiência de parceria para desenvolvimento de atividades de conservação foi o Convênio estabelecido com o IBDF (hoje IBAMA), em 1988, para a implementação do Projeto Andorinhas do Mar.

No ano de 1990, com os primeiros resultados concretos do projeto de conservação das andorinhas-do-mar, cresceu a segurança da Avidepa na capacidade de realização, que aliada ao acúmulo de experiência, levou naturalmente ao estabelecimento de novas parcerias, à captação de mais recursos, e consequentemente ao crescimento do compromisso em realizar ações e atingir metas.

Até 1994 o esforço direcionado às andorinhas-do-mar e às ilhas foi crescente, graças à manutenção do convênio com o IBAMA (1998) e ao estabelecimento das parcerias com a Chocolates Garoto S/A (1991) e Aracruz Celulose S/A (1993). Nesse mesmo período, através de convênio com o Governo do Estado (1989 – Secretaria da Agricultura e 1990 – COHAB), foram implementadas as atividades do viveiro de mudas e iniciado o projeto de urbanização da Orla da Praia da Costa e Itapoã, com a implantação de paisagismo baseado nas espécies nativas da Restinga.

Em 1995 e 1996 foram estabelecidas novas parcerias com a Fundação O Boticário de Proteção à Natureza, Fundo Nacional do Meio Ambiente e PDA- MMA (Ministério de Meio Ambiente), que renderam o desenvolvimento de muitas atividades de conservação e educação ambiental, tanto relacionadas com o viveiro/restinga, como com as ilhas/aves marinhas.

Durante os anos de 1998 e 1999 a Avidepa desenvolveu em parceria com a Chocolates Garoto S/A e demais financiadores um programa de Educação Ambiental direcionado a crianças de 5ª a 8ª séries, cuja abordagem principal foi a conservação e recuperação de ecossistemas costeiros, enfocando as ilhas costeiras e remanescentes de restinga, como o Parque Estadual Paulo Cesar Vinha.

Em 2003, através do apoio da CST- Companhia Siderúrgica de Tubarão, em parceria com a Associação dos Moradores da Praia da Costa, reiniciamos as atividades do Projeto de Recuperação Paisagística e Ambiental da Orla da Praia da Costa e Itapoã.

Vila Velha, setembro de 2023.